segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Conhecendo a Máquina

Este vídeo abaixo, foi gravado por mim, sendo puncionada pela enfermeira na clínica.
Resolvi postar também, um vídeo que mostra a máquina em que dialiso. Tem um profissional que explica para que serve e como funciona a máquina.
Explicação com linguagem simples.
Esta esta é uma das máquinas de hemodiálise que mantém a mim e várias outras pessoas vivas.

Depois da punção, sou conectada à máquina, através das agulhas colocadas na fístula.
Esta é minha rotina e o de milhares de outras pessoas.
E como podem perceber a rotina não é fácil. É difícil e dolorosa, mas necessária para continuarmos vivos. Pra mim, este motivo basta. Continuar viva é motivo suficiente para me manter firme e forte neste caminho.

Débora Moura.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Um passo de cada vez

Ontem fui um dia bastante tumultuado.
Cheguei na clínica e ela estava alagada. E não foi por causa da chuva não, foi um problema na tubulação, parece que um cano estourou lá. E sem água, não temos como dialisar, as máquinas precisam de água para funcionar.
Ficamos hoooras esperando solucionarem o problema. O que aconteceu, pode acontecer em qualquer lugar, mas por ser na clínica de hemodiálise o que seria um simples problema na tubulação, se tornou um problemão.
Trocaram o registro, e tiveram que lavar tudo, pois como eu disse, a máquina funciona com água também, e não poderiam nos expôr a possibilidade de contaminação, devido à isso demorou bastante para entrarmos para dialisar.
Eu que sou do primeiro turno, entrei meio-dia. Embolou tudo. Conseguiram avisar alguns pacientes dos turnos seguintes sobre o atraso, mas alguns não foram avisados e chegaram lá sem saber de nada. Houve muita espera. 

Demoraram para nos dizer o que estavam fazendo para resolver o problema, mas nos informaram, depois algumas horas de espera, sobre o que estava acontecendo e porque estava demorando.
Enfim... entramos para dialisar. Ao entrarmos, grandes mudanças!! Nos três primeiros boxes já tem piso novo e novas máquinas (maravilha!!). Como eu disse em outro texto, só com o tempo saberíamos se boas mudanças iriam acontecer ou não. Está acontecendo, aos poucos vamos melhorando. 

Assim que entrei na máquina, o capilar rompeu, pela terceira vez esse mês! Mais uma assinatura de troca de capilar. Depois da troca tudo indo muito bem durante toda a diálise, até que no finalzinho passei muito mal. Parece que foi reação ao noripurum. Nunca apresentei nenhum problema, mas ontem... nossa. Uma pressão horrível na cabeça. A técnica agiu rápido e a Dra logo apareceu e prescreveu medicamento. Alguns minutos depois já estava melhor, só fiquei com uma dorzinha chata de cabeça, mas a pressão horrível que eu estava sentindo melhorou.
Um passo de cada vez, o negócio é não parar, sempre pensar e agir para melhorar!



Débora Moura.



sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

O remédio que nos falta!

Tenho sido mal interpretada por algumas pessoas na clínica, então, vou fazer alguns esclarecimentos neste texto.
Vou começar ressaltando meu objetivo com este blog. O objetivo é externar as coisas que vivo, vejo, penso e sinto, relatar coisas que acontecem comigo e ao meu redor. Não pretendo aqui falar mal e menos ainda prejudicar ninguém. Também não escrevo para agradar um ou outro, escrevo para externar minhas ideias.
Tenho relatado muito mais sobre meu dia-a-dia quanto paciente renal, pois esta é minha realidade. E falando nisso, sobre as coisas que tenho postado à respeito da clínica, a ideia não é prejudicar, é melhorar. Os profissionais de saúde estão ali porque escolheram estar, eu não. Eu não escolhi, ninguém escolhe ser renal. Precisamos de bom tratamento, dependemos disso para ter uma vida normal fora da clínica. Se não temos uma boa máquina para dialisar, saímos passando mal e se continuamos por um certo período dialisando em uma máquina ruim, corremos o risco de ficarmos internados. É a nossa vida que está em jogo!
E não importa se tem pacientes com mais de 10 anos e eu tenho pouco tempo. Independente de quanto tempo, todo mundo que se senta naquela cadeira depende das mesmas coisas. Dependemos de bons profissionais e de boas máquinas!
Bons profissionais, nós temos! Como em todo e qualquer lugar, existem profissionais e profissionais. Com relação às máquinas, parece que estão resolvendo já. Como havia sido prometido alguns meses atrás, máquinas novas chegaram na clínica.
Assim que cheguei na clínica, dialisava em uma máquina ruim, hoje em dia, dialiso em uma máquina boa, mas vejo a realidade dos meus colegas. Ao contrário do que ouvi hoje, não acho que cada um deve lutar por si lá dentro. Como já disse, dependemos das mesmas coisas. Não quero o melhor pra mim enquanto vejo o meu colega ao lado passando mal por estar em uma máquina ruim. Aliás, acho que o problema é justamente este. Os pacientes pensam muito por si, somente. Se houvesse uma união, talvez as coisas funcionassem melhor.
E ao contrário do que alguns estão pensando lá dentro, não estou sendo influenciada por ninguém. Sou eu que componho meus textos, as ideias são minhas, são minhas palavras. Assumo tudo que escrevo aqui. Se não tenho relatado coisas tão boas assim, é porque não tem acontecido.
Aliás, hoje aconteceu. Um paciente do box ao lado passou muito mal. E foram técnicas, enfermeira e Dra correndo socorrê-lo. Do estado que o vimos sair dali, achamos que ele ia falecer. Mas agiram bem rápido e ele "voltou", se recuperou, no fim da diálise, ele nem parecia que tinha passado tão mal. Parabéns aos profissionais que estiveram envolvidos neste atendimento e agiram rapidamente.
Porém, é preciso dizer que enquanto faziam o atendimento, alguns boxes ficaram vazios, porque no início da manhã, é uma técnica para dois boxes (no box pequeno - com 4 pacientes) e uma técnica para cada box grande (com 8 pacientes), só depois de um determinado horário é que aumenta o número de técnicas no salão.

Também é importante dizer que o meu objetivo não é de que as pessoas que trabalham lá sejam mandadas embora e/ou que a clínica feche!! Não mesmo!! Dependo da clínica para viver! Não só eu, mas como todos os outros pacientes também. O que eu quero é que possamos (todos) dialisar bem. E se uma dessas coisas vierem a acontecer, não é por causa dos meus textos, é porque não cumpriram com as exigências do Ministério da Saúde. Acima de mim, tem muita gente. O que faço é desabafar através da escrita as coisas que vivo e quando tenho oportunidade converso com quem pode ajudar-nos a melhorar a situação da clínica.
As mudanças continuam acontecendo na clínica. As agulhas continuam as mesmas, mas as máquinas chegaram!

Em outro texto cheguei a colocar que falta um pouco mais de visão humana com relação aos pacientes, agora digo que pelo lado dos pacientes, falta um pouco mais de união e de entendimento que as reivindicações são para melhorar para todos e não para um grupo seleto. Volto a dizer, todos nós pacientes, INDEPENDENTE de quanto tempo dialisa, necessitamos das mesmas coisas. Então devemos reivindicar juntos! Na recepção muito se fala, muito se reclama, mas na hora de falar à quem pode resolver, são poucos os que vão.








Débora Moura.



sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Não quero elogio, quero melhoria!

É impossível presenciar certas coisas e não relatar. É tanta coisa que fica até difícil saber por onde começar.

Tem algumas coisas que não entendo. O discurso sobre o novo modo de utilizar a gaze, sobre o vidrinho de spray de álcool e sobre a fita, foi até aceitável. Mas outras coisas acontecem todos os dias e não são observados. Por exemplo luvas não são sempre usadas, seja na hora da punção, seja na hora de tirar as agulhas, uma ou outra usa luva nas duas mãos, geralmente usam só em uma. Outra coisa que não entendo, é a obrigatoriedade das técnicas utilizarem touca e as enfermeiras não. Não faz o menor sentido, o cargo e a faixa salarial podem ser diferentes, mas estão no mesmo espaço físico e lhe dando com os mesmos pacientes, da mesma maneira que deve-se evitar contaminação por parte das técnicas, deve-se evitar por parte das enfermeiras também.

Na segunda-feira desta semana troquei meu horário para o segundo turno, pois precisei ir ao hospital realizar alguns exames (tudo correndo bem). Cheguei atrasada na clínica, demoramos mais do que imaginávamos. Pensamos que iriamos marcar os exames e acabamos realizando no mesmo dia.
Fiquei no boxe 7, dois dos pacientes são idosos, um não escuta direito e a outra nem fala. A outra paciente é lúcida, aliás conversamos bastante. Ela é uma das que brigam pelos seus direitos enquanto paciente renal. E ela está corretíssima, é a vida dela que está em jogo ali. Pois bem, mas não é isso que quero contar, vou começar a contar pelo idoso deste boxe, ele estava passando mal, as técnicas fizeram o que estava ao alcance delas, quando não sabiam mais o que fazer, chamaram a Doutora, que por sua vez demorou horas para ir ver o paciente. Eu não sei dizer o que ela estava fazendo, se estava com algum outro paciente, não sei mesmo. Só sei que tinha um paciente passando mal no boxe e a Dra só apareceu quando o paciente acabou de dialisar. Só não sei dizer se isso é menos grave do que aconteceu com a outra paciente idosa. Eu cheguei atrasada, dialisei, já estava saindo e a para esta paciente ainda faltavam 45 min para terminar. Sabe porque? Por que a máquina dela estava ruim. Chegaram tirá-la da máquina, fizeram alguns procedimentos, colocaram ela novamente, mas toda hora alarmava e o tempo na máquina não estava passando. A técnica já não sabia mais o que fazer. Falou com o enfermeiro que a respondeu da seguinte maneira: "Não posso fazer nada minha filha, não tem técnico na clínica e não tem outra máquina." Eram 15hs e pouca e ainda não tinha nenhum técnico da máquina  na clínica. Absurdo né? Pois é, também acho. Mas não para por aí não. Uma paciente do terceiro turno deste boxe entrou para ver quanto tempo faltava para ela entrar, a máquina que ela dialisa é onde o senhor dialisa e ele estava fazendo medicação ainda. A técnica perguntou a esta paciente se a paciente da máquina da senhora (a máquina com defeito) já estava lá, ela disse que sim e a técnica falou do problema, mas pediu para abafar o caso. O que aconteceu depois eu não sei, mas só o que eu presenciei, já é um absurdo!
Achei que o problema da segunda-feira tivesse sido só isso. Mas fiquei sabendo que colocaram outra pessoa no lugar da paciente que ia dialisar na máquina que eu dialiso no primeiro turno. Mais absurdo ainda. Se comprometem a fazer uma coisa e fazem outra.
Hoje, a minha punção foi 'incrível', uma bela lambança seguida de um hematoma. Chorei, chorei de dor, chorei por mesmo com dor ter q encarar uma nova agulhada, chorei por ter meus sentimentos misturados nesse momento. Era uma dor mas com a sensação de logo não precisarei mais passar por isso se Deus quiser. Mas não pensem que vou parar de escrever não hein. Mesmo que eu saia, continuarei relatando algumas coisas, talvez não com tantos detalhes por não mais vivenciar. Numa outra postagem falei do canal aberto que eu sugeri, talvez não seja colocado em prática, mas eu, através do meu blog serei o canal dos pacientes. Primeiro que não estou buscando mudanças só por mim, quero o melhor para nós pacientes e segundo que se um dia eu vier a perder o rim (claro que não quero que isso aconteça e cuidarei muito bem para que não aconteça) é para a clínica que vou voltar e quero encontrar uma clínica melhor do que a que temos hoje. Outra coisa incrível que aconteceu hoje, foi o seguinte: 8:15 (lembrando que nosso horário de entrada é 6:30 - e nas sextas a gente entra no horário certinho) um paciente estava indo embora. Porque que ele estava indo embora? Poque a máquina dele estava ruim e não tinha outra para ele dialisar. Sexta-feira, se não não encaixarem ele para dialisar amanhã, ficará4 dias sem hemodiálise (quinta, sexta, sábado e domingo). Como sempre o prejudicado é o paciente. Meu Deus do Céu, quando é que vocês (profissionais de saúde) vão perceber que estão lhe dando com vidas???
Ouvi da clínica que tem gostado das coisas que eu posto aqui. Obrigada, mas não é de elogio que eu preciso, preciso que as coisas melhorem na clínica.
Isso me fez pensar que a construção de uma casa, se começa por baixo pela base. Mas na clínica as mudanças tem que começar de cima. Existe hierarquia e é do topo que vem as ordens. E é por ali que as coisas tem que começar a mudar. Volto a dizer, vocês profissionais de saúde precisam daquilo ali para trabalhar e nós, paciente precisamos para viver. A gente pode e deve jogar juntos para melhorar a clínica.



Bem mais! Muito mais!

Débora Moura.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Vovó

Essa aí é minha vó Tereza. A foto já tem alguns anos.
A vovó, já está no hospital alguns meses, ela nem sabe o quanto me faz falta. Quando penso nela, me lembro quando ela ia me buscar na escola e sempre parávamos no trailer pra comer um pastel de queijo com suco de maracujá. Lembro também que qualquer dor que eu sentisse, ela me colocava no colinho dela e me enchia de beijinhos e dizia "beijo de vó sara" e pode até ser que a dor não passasse realmente, mas ter aquele colo e aquele carinho fazia me sentir melhor.
A vovó está no CTI e por isso não pude visitá-la ainda. Estou feliz por estar resolvendo a minha questão de saúde, mas por outro lado, sinto uma tristeza por não poder vê-la. Hoje, estava até conversando com a minha mãe, que se a vó não for para o quarto antes da minha internação, eu vou visitá-la no CTI mesmo, nem que eu tenha que colocar uma máscara. De repente, quem precisa de um beijinho para sarar agora seja ela e eu tô aqui, cheia de carinho para oferecê-la. 

Eu tenho evitado falar sobre isso, porque me entristece e não gosto de dar espaço para tristeza não.
Mas sabe vózinha,  talvez a senhora nunca saiba dessa postagem, mas precisava deixar aqui registrado pra quem quiser ler o amor, carinho e respeito que tenho por você. Todos os dias em minhas orações peço à Deus por você! Que Ele te cuide e te guarde.

Beijos da sua Netinha


Débora Moura.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Gaveta

Nossa vida é como uma gaveta.

Quando a doença chega, vemos a gaveta despencar, se quebrar... tudo se esparramar no chão... e aí, o que fazer?
Temos duas opções: ou deixamos tudo ali esparramado, embaralhado, sem utilidade... porque arrumar dá trabalho, requer força e vontade, ou resolvemos pôr as coisas no lugar, fazer uma nova arrumação, pois vemos que aquela que existia já não mais nos serve. Pra isso contamos com nossa força e com a ajuda daqueles que querem ver a gaveta novamente no lugar. Começamos então a revirar as coisas, e por vezes temos a impressão que não iremos jamais conseguir uma nova arrumação, mas continuamos... e vamos colocando as coisas no lugar, e incrivelmente descobrimos que tantas coisas estavam ali guardadas sem a menor utilidade... os rancores, as discórdias, os desamores... ah, mas também descobrimos tantas coisas lindas que não lembrávamos que existiam, coisas que ficaram por anos e anos cada vez mais afogadas por outras sem a menor importância... Ressurgem então sentimentos que nos fortalecem e nos ajudam a enfrentar o que de pesado possa vir pela frente. Unindo forças, colamos, pregamos e recuperamos a gaveta, agora mais forte e arrumada. Marcas de pregos, de cola? Sim, mas e daí? Ela agora está mais forte do que sempre esteve. E a gaveta volta então pro seu lugar, ocupando seu espaço no grande armário que é o mundo.
by Marta Elini

A vida como uma gaveta foi brilhantemente escrita pela psicóloga Marta Elini. E é assim mesmo não é? E não é só quando uma doença surge não, isso vale para qualquer problema.
Pensem nisso ;)
Organizem suas gavetas! Pensem nas coisas que têm guardado. O que não vale mais a pena, se desfaça, dê espaço para novas coisas. Seja feliz!

Débora Moura.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Bate-Papo

Hoje, estava saindo da hemodiálise, quando fui convidada para um bate-papo. Quando me chamaram, já logo imaginei que seria pelas coisas que tenho postado aqui no blog. Dito e feito.
O assunto começou pela distribuição do material por box. As explicações são cabíveis e aceitáveis, segue:
- A gaze por pacotinho, evita que a gaze vá para bandeja e a que não for utilizada retorne para o pote de gazes. Todo material que sai da embalagem ou do pote deve ser utilizado, aquele que não for deve ser descartado, evitando assim contaminação. Além de que  diminui o desperdício.
- O álcool em spray, evita que a embalagem fique aberta e exposta também, e por ser uma embalagem pequena está sempre sendo limpa e reabastecida.
- A fita é para evitar desperdício mesmo.
E como também disse no outro texto, se for para prevenir contaminação, ao invés de restringir a quantidade utilizada, aí sim faz sentido.
Próximo tópico da conversa foi sobre as agulhas. A explicação foi a mesma, de que o problema foi no lote e não é da marca. Admitiu-se que só quem pode dizer sobre as agulhas, somos nós, os pacientes. Foi solicitado então que no próximo dia de diálise eu preste mais atenção e verifique se realmente está machucando ou se é só uma resistência por ter em mente 'tal marca' é ruim. Bem, não é só eu que tô achando ruim essa agulha, mas tudo bem. Na segunda-feira, vou compartilhar a explicação com minhas colegas de box, e com os demais pacientes também. Se a opinião da maioria for de que esta é ruim, levarei a reclamação à quem pode resolver.
Coloquei na conversa que ao observar nosso dia-a-dia na clínica, vejo que a sensação dos pacientes é de abandono, vamos para clínica, sentamos naquela cadeira, recebemos a agulhada, dialisamos, acabou o horário, vamos embora, entra outro. E se um de nós morre, sinal de que surgiu uma vaga, coloca outro. E não é assim. Lógico que o profissional de saúde não pode se envolver emocionalmente com todos os pacientes, senão à cada um que vier  a falecer ele vai 'surtar', mas deve haver humanismo e não tanta frieza de tratar uma morte como uma simples vaga. Cada um que se senta ali, tem uma história de vida, e com aquela vida, tem outras envolvidas, seus familiares, amigos... E quando uma vida se vai, as que ficam sofrem com a perda.
E sobre o nosso dia-a-dia, sinto como um abandono mesmo, tudo muito mecânico. E eu não sou uma máquina, tenho meus pensamentos, minhas ideias, minhas reclamações, sugestões... e não vejo ali dentro pessoas interessadas em ouvir. Não digo de me ouvir exclusivamente, mas de ouvir o que os pacientes tem a dizer, pode ser que alguns não queiram dizer nada, não queiram ajudar, mas pode haver gente que queira contribuir para  melhor, afinal, quanto melhor a clínica ficar, melhor para nós mesmos. Como também disse no outro texto, estamos todos no mesmo barco, devemos remar juntos.
Ouvi que a ideia é passar de box em box, de cadeira em cadeira, falar com cada paciente, isso aproxima. Concordo plenamente, mas isso não tem sido feito. A justificativa é falta de tempo no momento, e eu vi bem de pertinho que as coisas burocráticas estão bem complicadas mesmo. Mas independente da burocracia, tem um monte de paciente lá fora querendo falar, e aí? Nada será feito? Quem vai nos ouvir? Pensando nisso, sugeri que se crie um 'canal aberto'. O que seria isso? Pelo menos uma vez por mês, um paciente de cada box leva para uma reunião com algum responsável na clínica as questões levantadas com os seus colegas de box. Os assuntos são discutidos neste grupo e posteriormente cada paciente participante desta reunião leva para os demais colegas de box a posição da clínica com relação à cada assunto, como se fosse um porta-voz. Talvez não seja a melhor solução, as já cria uma proximidade maior e literalmente nos cria um canal onde possamos reclamar, sugerir e até quem sabe elogiar. Gostaram da ideia, mas ainda não sabemos se será posta em prática, depende de tempo hábil e de pacientes dispostos a participar. Eu dei a ideia, estou super disposta e acredito que devem haver mais pacientes que também gostariam de participar deste 'canal aberto'.

Uma outra coisa que foi conversado, foi sobre a falta de agulha para aplicar o hemax. E ao contrário do que eu tinha pensado e postado aqui, o erro foi da transportadora que não entregou na data correta. Aceitável que a falha tenha ocorrido por parte da transportadora, e foi aí que voltei ao assunto de que a sensação é de abandono, pois ninguém chegou para nós pacientes para explicar o que tinha acontecido, que na verdade a falha estava na entrega. Pode ser que se tivessem dito isso no dia que faltou a agulha, eu não teria postado que foi falta de responsabilidade e respeito deles. Agora sabendo do que aconteceu, digo que foi falta de esclarecimento para com seus pacientes. E disse isso no bate-papo de hoje. Disse que eu fui uma das que reclamou, das que achou um absurdo não ter agulha e que postei aqui no blog também. Uma coisa que eu não disse, pois pensei depois que saí da sala, foi de saber qual a solução deles para a falta da agulha (já foi entregue, hoje eu tomei normalmente o hemax). Pois, não pode acontecer novamente. Se a trasportadora falha, a gente fica sem vacina? Não pode. Penso que deve pedir um pouco mais de agulhas é preciso ter estoque e/ou cobrar mais da transportadora.

É isso. Me pareceu boa vontade de fazer as coisas direito, mas só vamos saber mesmo com o tempo. Enquanto não melhora de verdade, vou relatando aqui as coisas que acontecem lá.

Estou disposta a conversar sempre que quiserem, mas tudo que eu achar que está errado eu vou falar, e vou continuar postando aqui. Eu não tenho o conhecimento de enfermagem, de medicina, de nada disso, mas tenho a vivência enquanto paciente e isso me dá TODO direito de falar e de me posicionar com relação ao meu tratamento.


Débora Moura.

Um mês



Rio de Janeiro, 1 de Dezembro de 2011. Primeiro dia do último mês do ano. É mais um ciclo se fechando para outro se iniciar, e nem estou dizendo isso de praxe por ser fim de ano não. Estou referindo à minha vida.
Quem acompanha minhas postagens, leu alguns dias atrás sobre uma nova consulta em um novo hospital que acabei sabendo que também realiza transplante.
Por um acaso, meu namorado estava assistindo tv no horário do almoço no trabalho e viu uma reportagem falando a respeito de transplante renal no Hospital Adventista Silvestre. Ele me falou e pediu para que eu entrasse em contato e me informasse, e assim fiz. Fui ao hospital, fui extremamente bem atendida. Contei toda minha história novamente e ouvi do médico explicações sobre o problema de uma forma bem esclarecedora.
O melhor de tudo, é que por este hospital, ao invés de levar em torno de 6 meses para realizar a cirurgia (como foi dito que levaria no Hospital Geral de Bonsucesso), neste, realizarei daqui um mês! Um mês! Nem acredito!! Estou com uma felicidade que não cabe em mim.
Fomos à tantos médicos, fomos em tantos lugares, até em São Paulo nós fomos. Como disse em outro texto, não é que não sabíamos para onde ir, sempre soubemos que o caminho era e é o transplante. Mas era um caminho bastante desconhecido então, todas as informações, todos os profissionais da área de nefrologia que pudíamos conhecer, nós fomos atrás. Buscando sempre esclarecimentos, verificando as possibilidades, tendo em mente o transplante. E neste hospital vamos realizar tudo pelo SUS, desde os exames até a cirurgia e internação (eu e meu pai).
'Confiar em Deus, não deixar de ser feliz e correr atrás' Este é meu lema, desde que descobri o problema.
Quando eu perguntei ao Dr:
Eu: - Dr, quanto tempo o Sr acredita que conseguiremos realizar a cirurgia?
Dr: - Janeiro. Realiza os exames este mês e depois da virada do ano a gente opera.
Me deu até um frio na barriga, nem sei explicar o que senti quando ele disse isso. Eu e meu pai nos olhamos surpresos. Um olhar de "Conseguimos! Valeu a pena correr atrás juntos!".
Desde que ouvi as palavras deste médico, tem sido uma mistura de sentimentos, um filme passa na minha cabeça. Não tenho nem um ano de hemodiálise, mas vi, vivi, presenciei muita coisa. Conheci muita gente entre médicos, enfermeiros, técnicos e pacientes. Dos pacientes, alguns já se foram. Me lembro de como foi súbita minha internação, lembro dos dias no CTI, lembro de como foi difícil pra minha família, lembro dos amigos que estão do meu lado desde que tudo aconteceu, do meu primeiro dia na clínica, dos hematomas, dos problemas que a clínica tem, das palavras de motivação de alguns, de palavras desnecessárias de outros... enfim.
A caminhada não terminou, só estamos mais perto de atingir o objetivo dela. Mas nem depois de alcançá-lo irá terminar, a vida é uma constante caminhada, e no meu caso será apenas o fim de um ciclo e um início de outro. Aliás, este ano novo será tudinho novo de verdade!
Ai... estou tão cheia de fé, pensamentos, felicidade, ansiedade que minhas ideias para escrever se embaralham.

Estou tão tão feliz que nem sei descrever o quanto :)

Dezembro, mês do Natal, mas ao invés do Papai Noel me trazer um presente, foi Papai do Céu que me preparou e me enviou no tempo dEle o melhor presente que eu pudia receber!

Um mês! Obrigada Deus!


Débora Moura.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Clínica

Juro que ia postar um texto falando que trocaram as agulhas, que finalmente nos ouviram. Ia até dizer que na segunda e hoje a Dra chegou antes das 7 hs e que isso já é algum progresso (lembrando que nosso horário de entrada é 6:30). Aliás minha postagem anterior diz somente sobre as agulhas, não é? Pois bem. Só utilizamos outra agulha na sexta-feira da semana passada. Nesta segunda-feira (28/11) retornaram a agulha anterior. Mais uma vez reclamamos, e a justificativa que ouvimos foi que o problema era somente no lote e não da marca. Vocês vão me desculpar, mas quem senta naquela cadeira ali para receber agulhada, sou eu e vários outros pacientes, então quem tem que dizer a agulha que machuca menos somos nós, os pacientes.
A fístula de uma de minhas colegas de boxe vaza sempre com essa agulha, e está acontecendo comigo também. Segunda, vazou pouco, sujou só a fita. Mas hoje, bem, hoje vazou bastante, sujou minhas cobertas, o braço, enfim... agora me diz se não é a tal da agulha.
Por falar em agulha, hoje ficamos sem hemax. Antes de contar o que aconteceu, vou explicar um pouco sobre o que é e para que serve essa injeção.



Antes de sair da sala da hemodiálise o paciente deve tomar uma injeção de eritropoentina para manter seu nível de hematócrito bom e conseqüentemente não sofrer com a anemia. Essa injeção é aplicada na pele, ou seja, subcutânea (Geralmente é aplicada na barriga, mas pode ser aplicada no braço também).
O que é?

ERITROPOETINA (EPREX, HEMAX. TINAX, ERITINA): é o hormônio que controla a produção de glóbulos vermelhos no corpo. Impede a anemia evitando a transfusão sangüínea. Quanto menor o número de transfusões sangüíneas realizadas, melhor para o paciente.
O médico responsável deverá prescrever a dose e a freqüência de aplicações para cada paciente. 

Então, acho que deu para entender a importância de tal injeção para nós pacientes renais. E hoje, todos nós ficamos sem tomá-la, e porque? Porque não tinha agulha na clínica. A ordem que chegou para as enfermeiras foi de aplicar a injeção na agulha (agulha da diálise - *
Essa injeção é aplicada na pele, ou seja, subcutânea - vide bula), se tivesse o mesmo efeito não estaria escrito na bula do medicamento como a injeção deve ser aplicada. Incrível,né? Além de restrição de gaze, álcool e fita, agora estamos sem agulhas para tomar o hemax. Esse medicamento deve ser mantido no gelo, ou seja, quem mora longe não tinha mais gelo para voltar para casa com o remédio. O que fazer então? A solução foi identificar todas as ampolas com nome, boxe e turno e deixar na clínica. Faltavam +ou- 1:20 para eu sair da máquina quando começaram a se movimentar para comprar agulhas na farmácia, eu sai de lá e nada de agulha. Só que tem um detalhe muito importante nisso ai, estão sem essas agulhas desde segunda-feira a tarde. Parece brincadeira, mas infelizmente não é.
Já está virando falta de respeito e de responsabilidade. Quem quer ser respeitado tem que respeitar, e enquanto profissional de saúde, tem a responsabilidade e o dever de zelar pelo bem-estar de seus pacientes. E cá pra nós, ter agulhas em uma clínica de hemodiálise é o mínimo que deve existir.
Ouvi falar de alguns pacientes ali dentro que são 'barraqueiros', 'encrenqueiros', mas sabe de uma coisa, eles tem seus motivos. Estão ali há anos e as coisas não mudam, aliás agora podem dizer que mudanças estão acontecendo naquele lugar. Mas acho que toda mudança deveria ser para melhor,né? Mas nem tudo é como a gente quer. Talvez esses pacientes estejam cansados de tudo isso e com o tempo foram perdendo  a paciência para o diálogo e agora brigam, xingam, discutem. E parece que só assim as coisas funcionam mesmo.
Meu desejo era de postar sobre minhas expectativas, falar que as coisas estão boas, que estão caminhando, mas a realidade da clínica onde dialiso não tem permitido.

Apesar dos pesares, continuo minha caminhada, o que depende de mim, tem sido feito. Graças à Deus tenho apoio da minha família e amigos.

Fé em Deus antes de qualquer coisa! 'Vamô que vamô!'


Débora Moura.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Como está o tratamento?

Esse texto é para todos aqueles que querem saber como estão as coisas comigo.
Ouço muito: Como está o tratamento?
E encaro essa pergunta com a maior normalidade do mundo. Afinal, as pessoas que se importam comigo querem saber se estou bem ou não e como as coisas estão caminhando.
Pois bem… Sou renal desde Abril deste ano, descobri o problema 4 dias depois do meu aniversário, como já foi relatado em outra oportunidade. Fiquei internada durante algum tempo e de cateter. Depois que retirei o cateter, voltei a minha vida normal. Tenho algumas restrições alimentares, preciso tomar alguns medicamentos e obviamente comparecer 3x por semana na clínica para dialisar.
Quando não estou na clínica, tenho minha vida normal. Eu vou para academia, eu saio a noite, danço, tomo meu banho de piscina, curto cinema, enfim… me divirto como qualquer outra pessoa.
Algumas pessoas que não me vêem algum tempo e sabem do problema, quando me encontram se ‘surpreendem’, porque sabendo do meu caso, esperam encontrar uma pessoa com cara de doente e não é isso que acontece.
Não me deixei e nem vou me deixar abater por causa da insuficiência renal. Adaptei minha vida a essa nova rotina de precisar fazer hemodiálise.
Cheguei a voltar para minhas aulas de dança, não dei continuidade, pois haveria uma apresentação e como às vezes ocorre hematoma, fiquei com receio de me comprometer com algo e não conseguir cumprir. Aliás, o único problema que tenho tido nesse tempo é o hematoma mesmo, mas nem sempre acontece, já faz um tempo que não ocorre.
Então pessoal, está tudo bem comigo! Agradeço a preocupação, oração de todos e as estimas de melhoras. Eu continuo na caminhada para o transplante, vai dar tudo certo, JÁ DEU! Deus está na frente de tudo isso!
A vida taí minha gente! Não é porque sou renal que deixei de viver!

Débora Moura

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Dia-a-dia na clínica

É…algumas pessoas acham que sou “muda”, pois falo pouco na clínica. Sim, falo pouco lá, mas observo muito.
Começo pelo fato de que dificilmente entramos no nosso horário. Porque? Porque precisamos que o médico chegue para iniciar a diálise, e chegar no horário não tem sido rotina.
Agora digo sobre quantas e quantas vezes vejo pacientes de um lado para o outro nos boxes, simplesmente porque não tem máquina para dialisar. Muitas vezes isso acontece! E olha que agora sou do primeiro turno hein. Se atrasa o primeiro, todo restante atrasa também. A máquina não funciona e qual é a solução? Trazer a tal máquina ‘chupa-cabra’, paciente não dialisa bem e sai de lá com mal-estar.
Tem dia que só tem biscoito, no outro só tem suco. No outro dia muitos passaram mal por causa do calor! O pior é que estou falando sério. Era um calor absurdo! E volto a dizer, sou do primeiro turno, não quero nem imaginar como foi no turno seguinte, já que neste dia fez muito calor.
Agora algumas mudanças estão ocorrendo. Algumas novas modas. Álcool agora em um vidrinho de spray, fita é um rolo para cada técnica, e a gaze esta sendo super controlada. É um pacotinho de gaze por paciente, mas não é um pacotinho fechado, desses que a gente compra na farmácia não, é um pacotinho criado por eles. Sabe o papel que usamos p secar o braço depois de lavá-lo? Então, separam uma certa quantidade e colocam dentro desse papel dobrado.
Ouvir dizer que essas novas modas são testes, com o tempo vão distribuir o material por necessidade de cada box. Aí, sim começa a fazer sentido. Nós, pacientes de hemodiálise, sabemos que a quantidade de material varia de paciente para paciente. Concordo que não deve haver desperdício, mas tem fístula que vaza mais do que a outra, tem gente que amarra o braço na cadeira para não mexer, enfim, cada caso é um caso.
A agulha atualmente utilizada é uma crueldade com a gente, todos reclamam, semana passada disseram que mudaria hoje, quarta-feira. E adivinhem? Não mudou. Já fizemos um abaixo assinado e vamos continuar cobrando. É a gente que senta ali naquela cadeira, e é a gente que encara aquelas agulhas, então por favor, dê atenção quando a gente reclamar!
Sobre aquelas sucatas, vocês profissionais de saúde poderiam procurar alguma maneira de mudar isso, nós dependemos da máquina para continuarmos vivos e vocês para trabalhar, que tal trabalharmos juntos para o nosso bem? Eu dialiso em uma boa máquina em contrapartida você consegue trabalhar sem ter q ficar arrastando máquina de um lado para o outro, sem ter que sair correndo para socorrer um paciente que está passando mal por causa da chupa-cabra. Seria bom se pensassem assim.
Outra coisa curiosa que aconteceu hoje, foi o seguinte, no meu box tem pacientes que dialisam há mais de 10 anos e acabamos comentando de como é difícil ficar 4hs sentado naquela cadeira, que é monótono e que por isso muitas vezes pedimos para fazer em 3hs ou 3h30min, acabamos não dialisando direito, sabemos que é ruim para nós, mas é difícil ficar esse tempo todo ali. Você dorme, acorda, lancha, assiste tv e a hora parece que não passa. E uma enfermeira estava no box quando o assunto surgiu, aliás foi por um comentário dela (por estarmos fazendo 3h30min) que começou essa conversa. E começaram a pensar no que poderia ser feito para que fosse menos cansativo para nós. Não pude ficar calada nesse momento, e logo disse “Papel da psicóloga da clínica pensar nessas coisas! Sabemos que aqui tem psicóloga, mas não vemos trabalho algum.”. E como a enfermeira sabe que faço psicologia, me pediu sugestões do que podemos fazer para que o dia-a-dia sentados naquela cadeira seja menos sacrificante. Como são as coisas,né? O que seria papel de um profissional psicólogo, sujeito que ficou 5 anos estudando, passou para as mãos de uma enfermeira junto com uma paciente, dá para acreditar? Não to desmerecendo a enfermeira, não mesmo! Aliás, tiro meu chapéu pra ela, pois é um alguém que de alguma forma se mostra interessada a nos ajudar e fazer um bom trabalho. E eu? Bem… Sou paciente, mas não tenho problemas de falar sobre isso, tenho encarado bem tudo isso e levar ideias para clínica vai ser ótimo! Espero poder ajudar as outras pessoas e que os pacientes possam aderir as ideias e quem sabe à partir daí eles também possam sugerir algumas coisas também. Estamos todos no mesmo barco, então vamos remar juntos!



Débora Moura

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Primeira consulta

Estive na minha primeira consulta médica no Hospital Geral de Bonsucesso. Contei novamente minha história, de como tudo isso aconteceu. Saímos do hospital com a listagem de exames necessários para a cirurgia. Teremos uma nova consulta em Fevereiro/2012, espero que até lá consigamos realizar todos os exames.
Neste caminho, meu namorado viu uma reportagem na TV falando de transplante renal no Hospital Adventista Silvestre, parece que por lá a cirurgia pode ser realizada com uma certa rapidez, já que meu doador é vivo. Fiz contato com o hospital e agendei uma consulta. Nos próximos dias conheceremos mais um médico especialista.
Pode parecer que estamos “meio perdidos” sem saber pra onde vamos, mas na verdade, sabemos muito bem o que queremos. Estamos em busca do transplante. E como citado em textos anteriores, este caminho é desconhecido então à cada nova possibilidade de resolver o quanto antes, nós vamos atrás.
Já fomos em várias consultas, já conhecemos vários médicos, já fomos até em outro Estado, ouço relatos de pacientes, de técnicos, de enfermeiros, já ouvi desabafo de médico, pois os profissionais de saúde se limitam em orientar, em prescrever medicamentos, mas se o paciente não quiser, não seguir o que está sendo prescrito, de nada adianta.
É, viver não é fácil.



Débora Moura

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Continuamos caminhando...

Já estive em São Paulo algumas vezes, me inscrevi na fila de doadores falecidos e também realizei exame de compatibilidade com meu pai. Ele é compatível. O resultado já era esperado, mas ter a certeza da compatibilidade nos trouxe alegria.
Depois das idas e vindas de São Paulo e com o resultado do exame em mãos, decidimos ver como fuciona aqui no Rio de Janeiro. Fomos a uma palestra onde foram esclarecidas algumas dúvidas e onde fomos infomados de que deve levar em torno de 8 meses até a cirurgia. Esperávamos que fosse em menos tempo, mas não tem problema. Seja o tempo que for, a gente vai percorrer o caminho até o transplante.
Em família coversamos bastante até decidirmos que realizar a cirurgia aqui no Rio é mais viável do que em outro estado. Para realizar em São Paulo, precisaríamos ficar por lá durante algum tempo, já que precisarei realizar um série de exames pós-cirurgia.
Iremos a nossa primeira consulta médica aqui no RJ nos próximos dias, acredito que seja neste momento que teremos nossa listagem de exames necessários.
Sinto que estamos bem no início desse caminho, mas também sinto que estamos no caminho certo.
Devagar e sempre…. continuamos caminhando.

Débora Moura

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Pra que tudo isso?


Talvez tenha sido para aproximar algumas pessoas e afastar outras. Estreitar alguns laços e cortar outros.
Pode ser que tenha sido pra que as pessoas vejam que é possível continuar vivendo feliz mesmo diante de um problema.
Talvez tenha sido pra que eu aprendesse a ser mais paciente.
Pode ser que tenha sido pra eu conhecer as pessoas que conheci pelo caminho.
Talvez tenha sido para que eu voltasse a escrever e através das palavras ajudar outras pessoas.
Pode ser que tenha sido para me direcionar profissionalmente, já que Psicologia é o que escolhi pra minha vida.
Talvez a minha história de vida sirva de lição.
E pode ser que a lição seja somente para mim.
Pode ser pra que eu tenha mais fé.
Talvez seja pra que eu conheça a força que desconhecia ter.
Pode ser que eu precise levar alegria de viver para algumas pessoas que por outros motivos deixam de sorrir.
Talvez tenha sido pra poder fazer coisas que antes não tinha tempo.
Sei lá!
Posso levantar várias suposições. Mas o que importa?
Importa que tenho aprendido.
Importa que não é porque tenho um problema que deixei de sorrir. Não mesmo! Aliás, é esta alegria de viver e a fé em Deus que me fazem continuar firme e forte no meu caminho.
Importa que tenho minha família do meu lado e o apoio de verdadeiros amigos.
Importa que sou feliz.

Débora Moura.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

O que faltava no blog

Aproveitando a data de hoje (Dia do Médico) resolvi fazer uma postagem que faltava aqui.
Tenho relatado um pouco da minha história na hemodiálise, mas isso só é possível porque alguém há anos atrás, um médico, inventou a máquina de hemodiálise. É difícil se ver dependente dela, mas se ela não tivesse sido inventada, eu e muitas outras pessoas já não estariam aqui.

Willem Johan Kolff (14/02/1911 – 11/02/2009) médico holandês, naturalizado estadunidense, considerado o “pai dos órgãos artificiais”. Inventou a máquina de hemodiálise (rim artificial) em 1941 e tratou o primeiro paciente em 1943. Kolff era um jovem médico em Groningen na Holanda antes da segunda guerra mundial quando viu um jovem de 22 anos morrer de insuficiência renal. Então ele pensou: “se lhe conseguisse remover 20g de uréia diariamente, ele poderia ter sobrevivido”.
Então ele idealizou uma máquina que utilizava cerca de quarenta metros de tubos de membrana de acetato de celulose enrolada num tambor rotatório, o qual mantinha-se mergulhado em uma bacia contendo a solução de diálise. Uma bureta coletava o sangue do paciente (não havia bomba de sangue), e pela ação da gravidade o impulsionava através da membrana dialisadora. O sangue, depois de purificado, retornava ao corpo do paciente. (TUOTO, 2006).
A história registra quinze pacientes tratados pelo rim artificial antes que um deles sobrevivesse. A primeira sobrevivente foi Sophia Schafstadt, atendida em setembro de 1945, em coma. Após a hemodiálise, a paciente recuperou a conciência e viveu por mais sete anos. (TUOTO, 2006).
Em 1950 Kolff emigrou para os Estados Unidos onde iniciou um projeto de pesquisa para o desenvolvimento de um coração artificial. Em 1982, Kolff e sua equipe desenvolveram e implantaram o primeiro coração artificial (o “Jarvik-7″) em um ser humano, o paciente Barney Clark. (TUOTO, 2006).
Em 2002, aos 91 anos, recebeu juntamente com Belding H. Scribner, da Universidade de Washington, o Prêmio Albert Lasker em Pesquisa Médica Clínica pela criação do rim artificial. Scribner e sua equipe desenvolveram um dispositivo em forma de “U” colocado permanentemente no paciente, atuando como uma fístula arteriovenosa, à qual é conectada a tubulação da máquina de diálise. Esse dispositivo propiciou a utilização da hemodiálise em um número cada vez maior de pacientes. (TUOTO, 2006).
Ainda em 2002, Kolff acompanhava os projetos de um pulmão artificial transportado pelo próprio paciente e do olho artificial para pacientes cegos.
Foi indicado ao Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina de 2003, juntamente com William H. Dobelle, um de seus colaboradores, mas o prêmio acabou ficando com Paul Lauterbur (EUA) e Peter Mansfield (Grã-Bretanha) por suas descobertas no campo da ressonância magnética.

Graças a Willem Johan Kolff, eu e milhares de pessoas se mantiveram ou se mantém vivos em todo o mundo com a sua invenção. Obrigado Dr. Willen Johan Kolff pelos anos de trabalhos e estudos prestados a humanidade.
Parabéns à todos os médicos pelo dia de hoje!

Débora Moura.

domingo, 2 de outubro de 2011

Aprendi...

Aprendi que não adianta querer resolver as coisas pra ontem.
Aprendi que preciso sempre fazer minha parte, mas é preciso ter paciência e esperar em Deus para que as coisas se resolvam.
Aprendi que são das pessoas que não esperamos que ouvimos o que precisamos.
Aprendi que amor de pai e mãe é incondicional como sempre ouvi dizer.
Aprendi que às vezes é preciso parar para depois continuar trilhando seu caminho mais firmemente.
Aprendi que se tem amigos de verdade, não importa quanto tempo você não os encontra, ou se foram morar em outra cidade, ou quanto tempo você os conhece, quando precisar, eles estarão ao seu lado.
Aprendi que nem todos os médicos são frios e distantes, existem os humanos também, tive o prazer de conhecê-los.
Aprendi que ninguém é tão grande que não possa aprender, ninguém é tão pequeno que não possa ensinar.
Aprendi que todos tem problemas na vida. Problemas grandes ou pequenos, depende de como são vistos e principalmente de como são encarados.
Aprendi que as adversidades da vida não são para nos derrubar, mas sim para nos fortalecer. Aliás somos capazes de descobrir forças que nem imaginávamos ter.
Aprendi que é possível sorrir, mesmo diante de um problema.
Aprendi que tudo na vida tem o seu lado bom e também o seu lado ruim.
Aprendi que podemos até perder o que tanto queríamos, mas acabamos conquistando algo que nem imaginávamos ter.
Aprendi que a felicidade não depende do que temos, mas do bom uso que fazemos com o que nos é oferecido.
Aprendi que um abraço conforta mais do que palavras.
Aprendi que da vida, nada sabemos. Apenas uma certeza: um dia morreremos.
Aprendi que o tempo é precioso.
Aprendi que ter saúde é a maior riqueza da vida.
Aprendi que a fé é o que nos conforta quando achamos que tudo está perdido.
Aprendi que você pode conviver anos com uma pessoa e só no momento mais difícil ela se revelar à você como o apoio que precisa.
Aprendi, aprendi, aprendi….
Aprendi que por mais que eu aprenda todos os dias, terei sempre algo novo para aprender.
Assim é a vida.
Aprendendo e vivendo….

Débora Moura

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Eu

Eu sou aquela que dança, que ri, que brinca e que às vezes chora.
Eu sou aquela que encara as surpresas da vida.
Eu sou aquela que gosta de assistir desenho animado e comer chocolate.
Eu sou aquela que curte ir ao parque de diversão, comer algodão doce e churros, andar no bate-bate e montanha-russa.
Eu sou aquela que tira o recheio do biscoito pra lembrar de quando era criança.
Eu sou aquela que acredita no amor mesmo nos dias de hoje.
Eu sou aquela que admira a beleza da natureza.
Eu sou aquela que ora antes de dormir, agradecendo por mais um dia.
Eu sou aquela que ora quando acorda, agradecendo por mais uma noite e pedindo mais um lindo dia.
Eu sou aquela que canta mesmo sem ser afinada.
Eu sou aquela que conta piada sem graça, aquela que ri do que ninguém acha graça.
Eu sou aquela que curte música, ouço de tudo um pouco.
Eu sou aquela que tem fé.
Eu sou aquela que por vezes chamam de louca.
Eu sou aquela que é feliz.
Eu sou aquela que na vida é sempre uma aprendiz.
Eu sou aquela que gosta de flores e bichinhos de pelúcia.
Eu sou aquela que fala com voz de criança quando está apaixonada.
Eu sou aquela que gosta de escrever, aquela que escreve por prazer.
Eu sou aquela que sabe que a vida não é um conto de fadas, mas que sonha em encontrar seu príncipe encantado.
Eu sou aquela que gosta de andar de patins e bicicleta.
Eu sou aquela que gosta de ir ao cinema.
Eu sou aquela que dá valor as coisas simples da vida.
Eu sou aquela que fala pelos cotovelos.
Eu sou aquela que por vezes acredita que o silêncio diz mais do que palavras.
Eu sou aquela que admira a beleza de um olhar.
Eu sou aquela que dá valor à família.
Eu sou aquela que gosta de romantismo, mas sem exageros.
Eu sou aquela que não gosta de confusão, mas não mexe comigo não.
Eu sou aquela que na vida gosta de ter paz e sossego.
Eu sou aquela que se não for pra ser feliz, põe em prática o desapego.

Eu sou a Débora Moura
Dos textos aqui postados, a autora

Débora Moura

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Hoje

Hoje eu quero menos e mais
Hoje eu quero muita paz

Hoje eu quero mais carinho, mais amor
Quero menos desprezo, menos rancor
Mais respeito, menos desigualdade
Menos preconceito, mais liberdade

Hoje quero comer algodão doce e chocolate
Quero fazer uma lambança
Me lembrar de como era bom ser criança

Hoje quero plantar uma árvore
Começar a escrever um livro
Contar um pouco de como eu vivo

Hoje quero menos violência e mais decência
Quero mais compreensão, menos ingratidão
Mais força e dedicação

Hoje quero mais fé e menos descrença
Que possamos respeitar as diferenças

Hoje quero mais sorriso no rosto
Mais esperança no coração
Menos choro tristeza
Mais alegria com certeza

O que mais quero hoje
É que todo querer de hoje
Não seja só por hoje

Débora Moura

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

...com a vida eu tô de bem!

Hoje decidi postar um texto que não é de minha autoria, mas cabe perfeitamente ao que tenho vivido ;)

“Tô me afastando de tudo que me atrasa,
me engana, me segura e me retém.
Tô me aproximando de tudo que me faz completa,
me faz feliz e que me quer bem.
Tô aproveitando tudo de bom que essa nossa vida tem.
Tô me dedicando de verdade pra agradar um outro alguém.
Tô trazendo pra perto de mim quem eu gosto
e quem gosta de mim também.
Ultimamente eu só tô querendo ver o “bom” que todo mundo tem.
Relaxa, respira, se irritar é bom pra quem?
Supera, suporta, entenda:
isento de problemas eu não conheço ninguém.
Queira viver, viver melhor,
viver sorrindo e até os cem.
Tô feliz,
tô despreocupada,
com a vida eu tô de bem…”

Caio Fernando Abreu

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

São Paulo

Já estive em São Paulo duas vezes com meu pai. A nossa primeira ida, foi de muita expectativa, pois fomos ao Hospital do Rim e da Hipertensão, sendo assim, imaginamos que lá encontraríamos “os caras” que entenderiam toda a história (que realmente é muito pobre) e “matariam a charada” do porque que tudo isso aconteceu.
Meu pai separou todos os exames que fiz desde que descobrimos o problema. No caminho fomos conversando à respeito do que perguntaríamos. Chegamos até a combinar de que à cada pergunta, se um ou outro lembrasse de mais alguma coisa, erapara complementar o questionamento.
E assim fomos… Muitos papéis na mala, muitos questionamentos na cabeça e expectativas no coração.
Não tivemos dificuldades em localizar o hospital. Aliás, fica aqui registrado o quanto São Paulo é bem sinalizado (pelo menos por onde precisamos passar). Ao chegar, fui capaz de sentir aquele friozinho na barriga e logo me veio ao pensamento “Meu Deus, será que finalmente saberemos o porque que tudo isso aconteceu? Tomara.” Sobre essa expectativa, eu e meu pai não conversamos, mas nem precisava, a gente se entende no silêncio, no olhar.
Nosso primeiro contato, foi com a Assistente Social, uma senhora muito simpática e clara em suas palavras. Porém, quanto mais ela falava, mais os nossos questionamentos aumentavam. Ela nos informou que realizando o transplante em São Paulo, precisaremos morar lá por um período, pois enquanto transplantada precisarei realizar diversos exames para acompanhar a aceitação do novo órgão ao organismo. e aí, começamos a pensar em como moraríamos lá, de que forma conseguiríamos nos manter lá por este tempo necessário. Nos explicou também que meu doador sendo vivo, posso realizar a cirurgia aqui pelo Rio mesmo.
Enfim, fomos chamados pelo médico. bem, nada do que esperávamos aconteceu. O médico quase não nos perguntou nada e não olhou nem 1/3 dos exames. Pra não dizer que ele não olhou nada, ele olhou o dopller, mas o que ele nos disse à respeito não era novidade e também não esclareceu nenhuma de nossas dúvidas. Acho que não chegamos a ficar 10 min na sala. Ao sair, já fomos marcados para exame de compatibilidade e para retorno pós exame.
Saímos dali em silêncio, após alguns metros fora do hospital, nos olhamos e demos um leve sorriso. Ambos com a sensação de que “não adiantou nada”. Depis entendemos. Criamos muitas expctativas, mas não tínhamos parado pra pensar que ali é um hospital para transplante, não para investigar o porque do que aconteceu.
Nosso primeiro contato, em resumo, foi apenas uma triagem pré-cirurgia. Não foi uma viagem perdida, foi mais um passo neste caminho desconhecido. E à cada passo mais próximos da solução chegamos. Vamos de ponta à ponta, tentando todas as possibilidades que nos aparece.
Nossa segunda ida a São Paulo, foi apenas para coleta de sangue meu e do meu pai, para enfim verificarmos a compatibilidade. Comigo, foi bem rápido,e pra quem enfrenta as agulhas da hemodiálise, enfrentar a agulha pra tirar sangue é “pinto”. Já com meu pai, foi mais demorado, não sei, mas a técnica teve dificuldades em acertar a veia do meu pai (as veias dele são bem visíveis), até um pequeno hematoma ela fez nele. Ela precisou da ajuda da técnica que colheu o meu sangue. Somente na terceira agulhada é que conseguiram. Quanto mais eu via as furadas nele, mais eu ficava com o coração na mão. eu via no rosto dele a expressão de dor (e cá pra nós, eu sei o quanto um hematoma é doloroso) e logo me vinha a mente de que ele só estava ali passando por aquilo, por minha causa. E ao mesmo tempo, eu pensava o quanto é bonito o amor de pai e filha, pois eu faria o mesmo por ele sem pensar duas vezes.
No final do mês voltaremos lá para pegar o resultado. E também serei inscrita na fila de doadores mortos.
Fé, força e calma. Aos poucos as coisas vão se acertando.



Débora Moura

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Sorrir...

No dicionário:
1. Rir sem gargalhada, fazendo apenas um pequeno movimento com os lábios
2. Dirigir sorriso a.
Na medicina:
Está comprovado que bom humor e otimismo vacinam nosso corpo contra todo tipo de doença. O funcionamento do corpo melhora e várias dores diminuem visivelmente.
Quem sorri estimula o cérebro a liberar endorfina e serotonina — substâncias responsáveis pela sensação de prazer e felicidade. Essas substâncias proporcionam uma sensação de leveza e bem-estar, além de ativarem o sistema imunológico.
No meu entender:
Sorrir é sempre melhor que chorar, mas chorar às vezes é preciso.
Sorrir assim que acordar, faz com que aumentem as possibilidades do dia ser bom.
Sorrir mesmo que seja um sorriso triste, alimenta a esperança de que as coisas vão melhorar.
Sorrio porque um dia fui muito feliz.
Sorrio porque hoje sou muito feliz.
Sorrio porque um dia serei muito feliz.
Sorrio até sem motivo aparente.
Sorrio sempre.
E sempre irei sorrir.
Sorrio porque gosto de sorrir!
Experimente!!
Libere mais endorfina e serotonina.
Sinta mais prazer e felicidade na sua vida!

Débora Moura

sábado, 27 de agosto de 2011

Ser Psicólogo

Ser Psicólogo, é ouvir, é sentir o que o outro sente, sem se deixar influenciar por estes sentimentos
Ser Psicólogo, é ser investigador
Ser Psicólogo, é mostrar ao outro aquilo que muitas vezes ele não deseja ver, e que em outras ele deseja mas não consegue
Ser Psicólogo, é tentar estar livre de preconceitos
Ser Psicólogo, é possuir a chave que abrirá muitas caixas de segredos
Ser Psicólogo, é ter a possibilidade de colocar-se no lugar do outro e poder voltar
Ser Psicólogo, é ver o mundo com outro olhar
Ser psicólogo é uma imensa responsabilidade.
É também uma notável dádiva de desenvolver o dom de usar a palavra, o olhar, as expressões e até mesmo o silêncio.
O dom de tirar lá de dentro o melhor que temos para cuidar, fortalecer, compreender, aliviar.
Ser psicólogo é um ofício tremendamente sério. Mas não apenas isso, é também um grande privilégio. Pois não há maior que o de tocar no que há de mais precioso e sagrado em um ser humano: seu segredo, seu medo, suas alegrias, prazeres e inquietações.
É poder desfrutar de uma inefável bênção que é poder dar a alguém o toque, a chave que pode abrir portas para a realização de seus mais caros e íntimos sonhos.
Ter o privilégio de tantas vezes ter sido único na vida de alguém que não tinha com quem contar para dividir sua solidão, sua angústia, seus desejos.
Ser psicólogo é sempre aprender a ouvir sem julgar, ver sem escandalizar, e sempre acreditar no bem.
Mesmo na contra-esperança, esperar.
É simplesmente ter o privilégio de viver para ajudar as pessoas a serem mais felizes e fazê-las compreender que isso só começa quando a cada um consegue realmente se conhecer e se aceitar.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Dependendo de sucata

A realidade de quem depende de um tratamento é complicada. E não estou dizendo isso pelo atendimento dos profissionais de saúde não. Digo isto, pois presencio a chegada dos pacientes na clínica de hemodiálise e simplesmente não tem máquina funcionando para dialisá-los. Hoje mesmo, no meu Box, duas pacientes só conseguiram entrar duas horas depois do seu horário pré-estabelecido.
O que seriam 4 hs do dia “perdidas”, acabam sendo 5/6hs “perdidas”. Não tem jeito. Nós, pacientes renais, dependemos daquelas máquinas. E se a que está “reservada” pra você não está funcionando direito, a única saída é aguardar vagar uma que esteja funcionando. Digo que é a única saída, porque a outra opção seria ir embora revoltado da vida com a situação, mas assim, colocaria em risco somente sua própria vida. E se tornaria apenas mais um número nas estatísticas.
Dependemos de máquinas que são verdadeiras sucatas. O que fazer? São mesmo sucatas, mas necessitamos delas. Reclamar ao SUS nossa triste realidade. Será que isso resolve? Tomara que sim. Mas e se resolverem embargar a clínica por conta disso, será que não seria pior. Então… O que fazer? Paciência. É preciso ter paciência e procurar uma solução para isso. Mas solução sábia, pois não adianta revolta, baderna, isso só causaria mais problemas.
Vejo os técnicos, os enfermeiros de um lado para o outro, arrastando máquina pra cá, pra lá; maneja paciente do box daqui, para o box dali; sobe máquina, desce máquina, chama a manutenção, explica ao paciente que está aguardando que o problema é na máquina. Rotina difícil, tanto para quem depende, tanto quanto para quem trabalha ali. Os profissionais que gostam do que fazem se limitam ao funcionamento daquela máquina, se ela não funciona, ele não trabalha e sendo assim o paciente não dialisa. Quando é que algum poder público de saúde vai olhar para nós?
Amanhã, estarei em São Paulo. A caminhada para o transplante se iniciará pra valer. Espero que tudo dê certo (Vai dar!!).

Débora Moura.

domingo, 14 de agosto de 2011

Ele

Ele é aquele que conta piada
E sua dança é muita engraçada
Ele na cozinha arrebenta
Desde o arroz e feijão
a uma deliciosa polenta
Ele faz um churrasco que é de arrasar
Só em doce que não é de se arriscar
Ele gosta de escrever
E ainda solta pipa
Vocês precisam ver
Num segundo está na laje
No outro já está no portão
Se alcança a linha da pipa, grita:
“Tá na mão!”
Ele quando tem tempo vai pescar
Diz que assim consegue relaxar
Da vida tem muita história pra contar
Tem amigos em todo lugar
Ele gosta de ouvir Fagner
e também de cantar
Às vezes ouve Dejavú
Parece até que é pra me irritar
Ele vê a vida de uma simples maneira
Não é de esquentar a cabeça
Com qualquer bobeira
Ele é um grande homem
E eu o chamo pelo nome
Dizem que somos parecidos
Acho que por isso sempre fomos unidos
Quem é ele?
Ele é meu melhor amigo
Ele é meu pai querido
Feliz dia dos Pais!
Celso, eu te amo demais!

Débora Moura

sábado, 13 de agosto de 2011

Tente outra vez

Sábio Raul Seixas.
Hoje nem preciso escrever muito, esta letra traduz muito do que eu já postei aqui e sobre o que penso à respeito da vida.
Podemos sempre cruzar a ponte. Precisamos ter fé em Deus, fé na vida! E se não der certo, tentar mais uma vez. Desistir jamais.

Veja
Não diga que a canção está perdida
Tenha fé em Deus, tenha fé na vida
Tente outra vez

Beba
Pois a água viva ainda está na fonte
Você tem dois pés para cruzar a ponte
Nada acabou, não não não não

TenteLevante sua mão sedenta e recomece a andar
Não pense que a cabeça agüenta se você parar,
não não não não
Há uma voz que canta,
uma voz que dança,
uma voz que gira
Bailando no ar

Queira
Basta ser sincero e desejar profundo
Você será capaz de sacudir o mundo, vai
Tente outra vez

Tente
E não diga que a vitória está perdida
Se é de batalhas que se vive a vida
Tente outra vez

Débora Moura