A rotina de nós pacientes renais não é fácil. Pelo menos três vezes por semana encaramos duas agulhas e ficamos com elas no braço por quatro horas. A punção é dolorosa, mas com o tempo a gente se acostuma, não com a dor, mas de que aquela dor é necessária. Durante quatro horas ficamos ali sentados, enquanto nosso sangue vai sendo limpo pela máquina. A hora ali, parece que não passa. Ainda nem nos sentamos e já estamos querendo ir embora.
Fora dali, restrições alimentares e limite de líquido que pode ser ingerido ao longo do dia (essa é a pior parte!). Imaginem nesse calor, não poder se encher de água, não poder beber muito suco.... difícil! Mas precisamos sempre ficar atentos a quantidade ingerida para não chegarmos muito pesados no outro dia para dialisar.
Assim que entrei nesse mundo renal, postei alguns textos falando sobre os excessos de alguns pacientes, os relatos de que comeram isso e aquilo outro. Sabe que com esse tempo que passou, eu hoje, consigo entendê-los. Já estão ali há anos, difícil resistir à tudo o tempo todo. Continuo não concordando com algumas coisas que dizem que comem e bebem (mas isso vai de cada um, da preocupação de cada um com a sua própria saúde), mas não os condeno, porque é realmente muito difícil seguir a risca todas as prescrições e restrições do tratamento.
Nossa rotina por si só, já é difícil, se somar as dificuldades que enfrentamos na clínica fica um pouco mais complicado. Fizemos alguns progressos, mas muita coisa precisa melhorar. Não adianta, eu enquanto paciente, ficar sentada na recepção reclamando de tudo, preciso levar reclamações à alguém que possa fazer algo para melhorar, mas em contrapartida, preciso que tenha alguém na clínica que queira verdadeiramente me ouvir, mas não só ouvir! Alguém que possa buscar melhorias. Já disse e insisto em dizer, eu não estou ali porque escolhi, os profissionais de saúde sim! O que for feito de melhoria para os pacientes, consequentemente vira melhoria para os profissionais também. Acha que to falando besteira? Dou exemplo de máquinas boas então. Tendo boas máquinas, dialisamos bem e contrapartida os profissionais não precisam ficar arrastando máquina de um lado para o outro e não atrasa o trabalho deles (sim! Isso ainda acontece, mesmo com a chegada de máquinas novas). Um pouco cansativo ficar batendo na mesma tecla, mas falta uma visão mais humana dos profissionais e mais união por parte dos pacientes.
Enfim... mesmo assim, com essas limitações e dificuldades, é possível se adaptar à essa rotina e continuar vivendo numa boa.
Não temos escolhas. Se queremos continuar vivendo, precisamos encarar o tratamento! Então que seja!
Coloque Deus acima de tudo! De qualquer coisa! E viva!
Porque viver é o que há de melhor!!
Débora Moura.