sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Bate-Papo

Hoje, estava saindo da hemodiálise, quando fui convidada para um bate-papo. Quando me chamaram, já logo imaginei que seria pelas coisas que tenho postado aqui no blog. Dito e feito.
O assunto começou pela distribuição do material por box. As explicações são cabíveis e aceitáveis, segue:
- A gaze por pacotinho, evita que a gaze vá para bandeja e a que não for utilizada retorne para o pote de gazes. Todo material que sai da embalagem ou do pote deve ser utilizado, aquele que não for deve ser descartado, evitando assim contaminação. Além de que  diminui o desperdício.
- O álcool em spray, evita que a embalagem fique aberta e exposta também, e por ser uma embalagem pequena está sempre sendo limpa e reabastecida.
- A fita é para evitar desperdício mesmo.
E como também disse no outro texto, se for para prevenir contaminação, ao invés de restringir a quantidade utilizada, aí sim faz sentido.
Próximo tópico da conversa foi sobre as agulhas. A explicação foi a mesma, de que o problema foi no lote e não é da marca. Admitiu-se que só quem pode dizer sobre as agulhas, somos nós, os pacientes. Foi solicitado então que no próximo dia de diálise eu preste mais atenção e verifique se realmente está machucando ou se é só uma resistência por ter em mente 'tal marca' é ruim. Bem, não é só eu que tô achando ruim essa agulha, mas tudo bem. Na segunda-feira, vou compartilhar a explicação com minhas colegas de box, e com os demais pacientes também. Se a opinião da maioria for de que esta é ruim, levarei a reclamação à quem pode resolver.
Coloquei na conversa que ao observar nosso dia-a-dia na clínica, vejo que a sensação dos pacientes é de abandono, vamos para clínica, sentamos naquela cadeira, recebemos a agulhada, dialisamos, acabou o horário, vamos embora, entra outro. E se um de nós morre, sinal de que surgiu uma vaga, coloca outro. E não é assim. Lógico que o profissional de saúde não pode se envolver emocionalmente com todos os pacientes, senão à cada um que vier  a falecer ele vai 'surtar', mas deve haver humanismo e não tanta frieza de tratar uma morte como uma simples vaga. Cada um que se senta ali, tem uma história de vida, e com aquela vida, tem outras envolvidas, seus familiares, amigos... E quando uma vida se vai, as que ficam sofrem com a perda.
E sobre o nosso dia-a-dia, sinto como um abandono mesmo, tudo muito mecânico. E eu não sou uma máquina, tenho meus pensamentos, minhas ideias, minhas reclamações, sugestões... e não vejo ali dentro pessoas interessadas em ouvir. Não digo de me ouvir exclusivamente, mas de ouvir o que os pacientes tem a dizer, pode ser que alguns não queiram dizer nada, não queiram ajudar, mas pode haver gente que queira contribuir para  melhor, afinal, quanto melhor a clínica ficar, melhor para nós mesmos. Como também disse no outro texto, estamos todos no mesmo barco, devemos remar juntos.
Ouvi que a ideia é passar de box em box, de cadeira em cadeira, falar com cada paciente, isso aproxima. Concordo plenamente, mas isso não tem sido feito. A justificativa é falta de tempo no momento, e eu vi bem de pertinho que as coisas burocráticas estão bem complicadas mesmo. Mas independente da burocracia, tem um monte de paciente lá fora querendo falar, e aí? Nada será feito? Quem vai nos ouvir? Pensando nisso, sugeri que se crie um 'canal aberto'. O que seria isso? Pelo menos uma vez por mês, um paciente de cada box leva para uma reunião com algum responsável na clínica as questões levantadas com os seus colegas de box. Os assuntos são discutidos neste grupo e posteriormente cada paciente participante desta reunião leva para os demais colegas de box a posição da clínica com relação à cada assunto, como se fosse um porta-voz. Talvez não seja a melhor solução, as já cria uma proximidade maior e literalmente nos cria um canal onde possamos reclamar, sugerir e até quem sabe elogiar. Gostaram da ideia, mas ainda não sabemos se será posta em prática, depende de tempo hábil e de pacientes dispostos a participar. Eu dei a ideia, estou super disposta e acredito que devem haver mais pacientes que também gostariam de participar deste 'canal aberto'.

Uma outra coisa que foi conversado, foi sobre a falta de agulha para aplicar o hemax. E ao contrário do que eu tinha pensado e postado aqui, o erro foi da transportadora que não entregou na data correta. Aceitável que a falha tenha ocorrido por parte da transportadora, e foi aí que voltei ao assunto de que a sensação é de abandono, pois ninguém chegou para nós pacientes para explicar o que tinha acontecido, que na verdade a falha estava na entrega. Pode ser que se tivessem dito isso no dia que faltou a agulha, eu não teria postado que foi falta de responsabilidade e respeito deles. Agora sabendo do que aconteceu, digo que foi falta de esclarecimento para com seus pacientes. E disse isso no bate-papo de hoje. Disse que eu fui uma das que reclamou, das que achou um absurdo não ter agulha e que postei aqui no blog também. Uma coisa que eu não disse, pois pensei depois que saí da sala, foi de saber qual a solução deles para a falta da agulha (já foi entregue, hoje eu tomei normalmente o hemax). Pois, não pode acontecer novamente. Se a trasportadora falha, a gente fica sem vacina? Não pode. Penso que deve pedir um pouco mais de agulhas é preciso ter estoque e/ou cobrar mais da transportadora.

É isso. Me pareceu boa vontade de fazer as coisas direito, mas só vamos saber mesmo com o tempo. Enquanto não melhora de verdade, vou relatando aqui as coisas que acontecem lá.

Estou disposta a conversar sempre que quiserem, mas tudo que eu achar que está errado eu vou falar, e vou continuar postando aqui. Eu não tenho o conhecimento de enfermagem, de medicina, de nada disso, mas tenho a vivência enquanto paciente e isso me dá TODO direito de falar e de me posicionar com relação ao meu tratamento.


Débora Moura.

2 comentários:

  1. Nossa nossa hein! Tah podendo rs'
    Sinal que eles sabem do seu blog né? Isso mesmo, expõe sua opinião porque essa saúde pública está uma melequinha ¬¬'

    Bom domingão.
    BEIJO!
    http://bycarolinaa.blogspot.com/

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  2. Excelente post Debora!
    E pelo visto você já conseguiu um canal para se comunicar acho mesmo que o caminho é esse...
    Agora, estava lendo seu post e me lembrei que neste semestre estudamos uma disciplina sobre técnicas de grupos, nesta conhecemos a "sala de espera", que é justamente um grupo terapeutico voltado para salas de esperas de hospitais, mas que lendo o seu relato me parece muito util de ser executado numa sala de diálise.
    se quiser saber mais sobre isso, ou até mesmo a gente tentar bolar alguma idéia faça contato comigo por email ou tel.
    Estou adorando a sua postura.
    bjs e carinhos.

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