segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Conhecendo a Máquina

Este vídeo abaixo, foi gravado por mim, sendo puncionada pela enfermeira na clínica.
Resolvi postar também, um vídeo que mostra a máquina em que dialiso. Tem um profissional que explica para que serve e como funciona a máquina.
Explicação com linguagem simples.
Esta esta é uma das máquinas de hemodiálise que mantém a mim e várias outras pessoas vivas.

Depois da punção, sou conectada à máquina, através das agulhas colocadas na fístula.
Esta é minha rotina e o de milhares de outras pessoas.
E como podem perceber a rotina não é fácil. É difícil e dolorosa, mas necessária para continuarmos vivos. Pra mim, este motivo basta. Continuar viva é motivo suficiente para me manter firme e forte neste caminho.

Débora Moura.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Um passo de cada vez

Ontem fui um dia bastante tumultuado.
Cheguei na clínica e ela estava alagada. E não foi por causa da chuva não, foi um problema na tubulação, parece que um cano estourou lá. E sem água, não temos como dialisar, as máquinas precisam de água para funcionar.
Ficamos hoooras esperando solucionarem o problema. O que aconteceu, pode acontecer em qualquer lugar, mas por ser na clínica de hemodiálise o que seria um simples problema na tubulação, se tornou um problemão.
Trocaram o registro, e tiveram que lavar tudo, pois como eu disse, a máquina funciona com água também, e não poderiam nos expôr a possibilidade de contaminação, devido à isso demorou bastante para entrarmos para dialisar.
Eu que sou do primeiro turno, entrei meio-dia. Embolou tudo. Conseguiram avisar alguns pacientes dos turnos seguintes sobre o atraso, mas alguns não foram avisados e chegaram lá sem saber de nada. Houve muita espera. 

Demoraram para nos dizer o que estavam fazendo para resolver o problema, mas nos informaram, depois algumas horas de espera, sobre o que estava acontecendo e porque estava demorando.
Enfim... entramos para dialisar. Ao entrarmos, grandes mudanças!! Nos três primeiros boxes já tem piso novo e novas máquinas (maravilha!!). Como eu disse em outro texto, só com o tempo saberíamos se boas mudanças iriam acontecer ou não. Está acontecendo, aos poucos vamos melhorando. 

Assim que entrei na máquina, o capilar rompeu, pela terceira vez esse mês! Mais uma assinatura de troca de capilar. Depois da troca tudo indo muito bem durante toda a diálise, até que no finalzinho passei muito mal. Parece que foi reação ao noripurum. Nunca apresentei nenhum problema, mas ontem... nossa. Uma pressão horrível na cabeça. A técnica agiu rápido e a Dra logo apareceu e prescreveu medicamento. Alguns minutos depois já estava melhor, só fiquei com uma dorzinha chata de cabeça, mas a pressão horrível que eu estava sentindo melhorou.
Um passo de cada vez, o negócio é não parar, sempre pensar e agir para melhorar!



Débora Moura.



sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

O remédio que nos falta!

Tenho sido mal interpretada por algumas pessoas na clínica, então, vou fazer alguns esclarecimentos neste texto.
Vou começar ressaltando meu objetivo com este blog. O objetivo é externar as coisas que vivo, vejo, penso e sinto, relatar coisas que acontecem comigo e ao meu redor. Não pretendo aqui falar mal e menos ainda prejudicar ninguém. Também não escrevo para agradar um ou outro, escrevo para externar minhas ideias.
Tenho relatado muito mais sobre meu dia-a-dia quanto paciente renal, pois esta é minha realidade. E falando nisso, sobre as coisas que tenho postado à respeito da clínica, a ideia não é prejudicar, é melhorar. Os profissionais de saúde estão ali porque escolheram estar, eu não. Eu não escolhi, ninguém escolhe ser renal. Precisamos de bom tratamento, dependemos disso para ter uma vida normal fora da clínica. Se não temos uma boa máquina para dialisar, saímos passando mal e se continuamos por um certo período dialisando em uma máquina ruim, corremos o risco de ficarmos internados. É a nossa vida que está em jogo!
E não importa se tem pacientes com mais de 10 anos e eu tenho pouco tempo. Independente de quanto tempo, todo mundo que se senta naquela cadeira depende das mesmas coisas. Dependemos de bons profissionais e de boas máquinas!
Bons profissionais, nós temos! Como em todo e qualquer lugar, existem profissionais e profissionais. Com relação às máquinas, parece que estão resolvendo já. Como havia sido prometido alguns meses atrás, máquinas novas chegaram na clínica.
Assim que cheguei na clínica, dialisava em uma máquina ruim, hoje em dia, dialiso em uma máquina boa, mas vejo a realidade dos meus colegas. Ao contrário do que ouvi hoje, não acho que cada um deve lutar por si lá dentro. Como já disse, dependemos das mesmas coisas. Não quero o melhor pra mim enquanto vejo o meu colega ao lado passando mal por estar em uma máquina ruim. Aliás, acho que o problema é justamente este. Os pacientes pensam muito por si, somente. Se houvesse uma união, talvez as coisas funcionassem melhor.
E ao contrário do que alguns estão pensando lá dentro, não estou sendo influenciada por ninguém. Sou eu que componho meus textos, as ideias são minhas, são minhas palavras. Assumo tudo que escrevo aqui. Se não tenho relatado coisas tão boas assim, é porque não tem acontecido.
Aliás, hoje aconteceu. Um paciente do box ao lado passou muito mal. E foram técnicas, enfermeira e Dra correndo socorrê-lo. Do estado que o vimos sair dali, achamos que ele ia falecer. Mas agiram bem rápido e ele "voltou", se recuperou, no fim da diálise, ele nem parecia que tinha passado tão mal. Parabéns aos profissionais que estiveram envolvidos neste atendimento e agiram rapidamente.
Porém, é preciso dizer que enquanto faziam o atendimento, alguns boxes ficaram vazios, porque no início da manhã, é uma técnica para dois boxes (no box pequeno - com 4 pacientes) e uma técnica para cada box grande (com 8 pacientes), só depois de um determinado horário é que aumenta o número de técnicas no salão.

Também é importante dizer que o meu objetivo não é de que as pessoas que trabalham lá sejam mandadas embora e/ou que a clínica feche!! Não mesmo!! Dependo da clínica para viver! Não só eu, mas como todos os outros pacientes também. O que eu quero é que possamos (todos) dialisar bem. E se uma dessas coisas vierem a acontecer, não é por causa dos meus textos, é porque não cumpriram com as exigências do Ministério da Saúde. Acima de mim, tem muita gente. O que faço é desabafar através da escrita as coisas que vivo e quando tenho oportunidade converso com quem pode ajudar-nos a melhorar a situação da clínica.
As mudanças continuam acontecendo na clínica. As agulhas continuam as mesmas, mas as máquinas chegaram!

Em outro texto cheguei a colocar que falta um pouco mais de visão humana com relação aos pacientes, agora digo que pelo lado dos pacientes, falta um pouco mais de união e de entendimento que as reivindicações são para melhorar para todos e não para um grupo seleto. Volto a dizer, todos nós pacientes, INDEPENDENTE de quanto tempo dialisa, necessitamos das mesmas coisas. Então devemos reivindicar juntos! Na recepção muito se fala, muito se reclama, mas na hora de falar à quem pode resolver, são poucos os que vão.








Débora Moura.



sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Não quero elogio, quero melhoria!

É impossível presenciar certas coisas e não relatar. É tanta coisa que fica até difícil saber por onde começar.

Tem algumas coisas que não entendo. O discurso sobre o novo modo de utilizar a gaze, sobre o vidrinho de spray de álcool e sobre a fita, foi até aceitável. Mas outras coisas acontecem todos os dias e não são observados. Por exemplo luvas não são sempre usadas, seja na hora da punção, seja na hora de tirar as agulhas, uma ou outra usa luva nas duas mãos, geralmente usam só em uma. Outra coisa que não entendo, é a obrigatoriedade das técnicas utilizarem touca e as enfermeiras não. Não faz o menor sentido, o cargo e a faixa salarial podem ser diferentes, mas estão no mesmo espaço físico e lhe dando com os mesmos pacientes, da mesma maneira que deve-se evitar contaminação por parte das técnicas, deve-se evitar por parte das enfermeiras também.

Na segunda-feira desta semana troquei meu horário para o segundo turno, pois precisei ir ao hospital realizar alguns exames (tudo correndo bem). Cheguei atrasada na clínica, demoramos mais do que imaginávamos. Pensamos que iriamos marcar os exames e acabamos realizando no mesmo dia.
Fiquei no boxe 7, dois dos pacientes são idosos, um não escuta direito e a outra nem fala. A outra paciente é lúcida, aliás conversamos bastante. Ela é uma das que brigam pelos seus direitos enquanto paciente renal. E ela está corretíssima, é a vida dela que está em jogo ali. Pois bem, mas não é isso que quero contar, vou começar a contar pelo idoso deste boxe, ele estava passando mal, as técnicas fizeram o que estava ao alcance delas, quando não sabiam mais o que fazer, chamaram a Doutora, que por sua vez demorou horas para ir ver o paciente. Eu não sei dizer o que ela estava fazendo, se estava com algum outro paciente, não sei mesmo. Só sei que tinha um paciente passando mal no boxe e a Dra só apareceu quando o paciente acabou de dialisar. Só não sei dizer se isso é menos grave do que aconteceu com a outra paciente idosa. Eu cheguei atrasada, dialisei, já estava saindo e a para esta paciente ainda faltavam 45 min para terminar. Sabe porque? Por que a máquina dela estava ruim. Chegaram tirá-la da máquina, fizeram alguns procedimentos, colocaram ela novamente, mas toda hora alarmava e o tempo na máquina não estava passando. A técnica já não sabia mais o que fazer. Falou com o enfermeiro que a respondeu da seguinte maneira: "Não posso fazer nada minha filha, não tem técnico na clínica e não tem outra máquina." Eram 15hs e pouca e ainda não tinha nenhum técnico da máquina  na clínica. Absurdo né? Pois é, também acho. Mas não para por aí não. Uma paciente do terceiro turno deste boxe entrou para ver quanto tempo faltava para ela entrar, a máquina que ela dialisa é onde o senhor dialisa e ele estava fazendo medicação ainda. A técnica perguntou a esta paciente se a paciente da máquina da senhora (a máquina com defeito) já estava lá, ela disse que sim e a técnica falou do problema, mas pediu para abafar o caso. O que aconteceu depois eu não sei, mas só o que eu presenciei, já é um absurdo!
Achei que o problema da segunda-feira tivesse sido só isso. Mas fiquei sabendo que colocaram outra pessoa no lugar da paciente que ia dialisar na máquina que eu dialiso no primeiro turno. Mais absurdo ainda. Se comprometem a fazer uma coisa e fazem outra.
Hoje, a minha punção foi 'incrível', uma bela lambança seguida de um hematoma. Chorei, chorei de dor, chorei por mesmo com dor ter q encarar uma nova agulhada, chorei por ter meus sentimentos misturados nesse momento. Era uma dor mas com a sensação de logo não precisarei mais passar por isso se Deus quiser. Mas não pensem que vou parar de escrever não hein. Mesmo que eu saia, continuarei relatando algumas coisas, talvez não com tantos detalhes por não mais vivenciar. Numa outra postagem falei do canal aberto que eu sugeri, talvez não seja colocado em prática, mas eu, através do meu blog serei o canal dos pacientes. Primeiro que não estou buscando mudanças só por mim, quero o melhor para nós pacientes e segundo que se um dia eu vier a perder o rim (claro que não quero que isso aconteça e cuidarei muito bem para que não aconteça) é para a clínica que vou voltar e quero encontrar uma clínica melhor do que a que temos hoje. Outra coisa incrível que aconteceu hoje, foi o seguinte: 8:15 (lembrando que nosso horário de entrada é 6:30 - e nas sextas a gente entra no horário certinho) um paciente estava indo embora. Porque que ele estava indo embora? Poque a máquina dele estava ruim e não tinha outra para ele dialisar. Sexta-feira, se não não encaixarem ele para dialisar amanhã, ficará4 dias sem hemodiálise (quinta, sexta, sábado e domingo). Como sempre o prejudicado é o paciente. Meu Deus do Céu, quando é que vocês (profissionais de saúde) vão perceber que estão lhe dando com vidas???
Ouvi da clínica que tem gostado das coisas que eu posto aqui. Obrigada, mas não é de elogio que eu preciso, preciso que as coisas melhorem na clínica.
Isso me fez pensar que a construção de uma casa, se começa por baixo pela base. Mas na clínica as mudanças tem que começar de cima. Existe hierarquia e é do topo que vem as ordens. E é por ali que as coisas tem que começar a mudar. Volto a dizer, vocês profissionais de saúde precisam daquilo ali para trabalhar e nós, paciente precisamos para viver. A gente pode e deve jogar juntos para melhorar a clínica.



Bem mais! Muito mais!

Débora Moura.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Vovó

Essa aí é minha vó Tereza. A foto já tem alguns anos.
A vovó, já está no hospital alguns meses, ela nem sabe o quanto me faz falta. Quando penso nela, me lembro quando ela ia me buscar na escola e sempre parávamos no trailer pra comer um pastel de queijo com suco de maracujá. Lembro também que qualquer dor que eu sentisse, ela me colocava no colinho dela e me enchia de beijinhos e dizia "beijo de vó sara" e pode até ser que a dor não passasse realmente, mas ter aquele colo e aquele carinho fazia me sentir melhor.
A vovó está no CTI e por isso não pude visitá-la ainda. Estou feliz por estar resolvendo a minha questão de saúde, mas por outro lado, sinto uma tristeza por não poder vê-la. Hoje, estava até conversando com a minha mãe, que se a vó não for para o quarto antes da minha internação, eu vou visitá-la no CTI mesmo, nem que eu tenha que colocar uma máscara. De repente, quem precisa de um beijinho para sarar agora seja ela e eu tô aqui, cheia de carinho para oferecê-la. 

Eu tenho evitado falar sobre isso, porque me entristece e não gosto de dar espaço para tristeza não.
Mas sabe vózinha,  talvez a senhora nunca saiba dessa postagem, mas precisava deixar aqui registrado pra quem quiser ler o amor, carinho e respeito que tenho por você. Todos os dias em minhas orações peço à Deus por você! Que Ele te cuide e te guarde.

Beijos da sua Netinha


Débora Moura.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Gaveta

Nossa vida é como uma gaveta.

Quando a doença chega, vemos a gaveta despencar, se quebrar... tudo se esparramar no chão... e aí, o que fazer?
Temos duas opções: ou deixamos tudo ali esparramado, embaralhado, sem utilidade... porque arrumar dá trabalho, requer força e vontade, ou resolvemos pôr as coisas no lugar, fazer uma nova arrumação, pois vemos que aquela que existia já não mais nos serve. Pra isso contamos com nossa força e com a ajuda daqueles que querem ver a gaveta novamente no lugar. Começamos então a revirar as coisas, e por vezes temos a impressão que não iremos jamais conseguir uma nova arrumação, mas continuamos... e vamos colocando as coisas no lugar, e incrivelmente descobrimos que tantas coisas estavam ali guardadas sem a menor utilidade... os rancores, as discórdias, os desamores... ah, mas também descobrimos tantas coisas lindas que não lembrávamos que existiam, coisas que ficaram por anos e anos cada vez mais afogadas por outras sem a menor importância... Ressurgem então sentimentos que nos fortalecem e nos ajudam a enfrentar o que de pesado possa vir pela frente. Unindo forças, colamos, pregamos e recuperamos a gaveta, agora mais forte e arrumada. Marcas de pregos, de cola? Sim, mas e daí? Ela agora está mais forte do que sempre esteve. E a gaveta volta então pro seu lugar, ocupando seu espaço no grande armário que é o mundo.
by Marta Elini

A vida como uma gaveta foi brilhantemente escrita pela psicóloga Marta Elini. E é assim mesmo não é? E não é só quando uma doença surge não, isso vale para qualquer problema.
Pensem nisso ;)
Organizem suas gavetas! Pensem nas coisas que têm guardado. O que não vale mais a pena, se desfaça, dê espaço para novas coisas. Seja feliz!

Débora Moura.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Bate-Papo

Hoje, estava saindo da hemodiálise, quando fui convidada para um bate-papo. Quando me chamaram, já logo imaginei que seria pelas coisas que tenho postado aqui no blog. Dito e feito.
O assunto começou pela distribuição do material por box. As explicações são cabíveis e aceitáveis, segue:
- A gaze por pacotinho, evita que a gaze vá para bandeja e a que não for utilizada retorne para o pote de gazes. Todo material que sai da embalagem ou do pote deve ser utilizado, aquele que não for deve ser descartado, evitando assim contaminação. Além de que  diminui o desperdício.
- O álcool em spray, evita que a embalagem fique aberta e exposta também, e por ser uma embalagem pequena está sempre sendo limpa e reabastecida.
- A fita é para evitar desperdício mesmo.
E como também disse no outro texto, se for para prevenir contaminação, ao invés de restringir a quantidade utilizada, aí sim faz sentido.
Próximo tópico da conversa foi sobre as agulhas. A explicação foi a mesma, de que o problema foi no lote e não é da marca. Admitiu-se que só quem pode dizer sobre as agulhas, somos nós, os pacientes. Foi solicitado então que no próximo dia de diálise eu preste mais atenção e verifique se realmente está machucando ou se é só uma resistência por ter em mente 'tal marca' é ruim. Bem, não é só eu que tô achando ruim essa agulha, mas tudo bem. Na segunda-feira, vou compartilhar a explicação com minhas colegas de box, e com os demais pacientes também. Se a opinião da maioria for de que esta é ruim, levarei a reclamação à quem pode resolver.
Coloquei na conversa que ao observar nosso dia-a-dia na clínica, vejo que a sensação dos pacientes é de abandono, vamos para clínica, sentamos naquela cadeira, recebemos a agulhada, dialisamos, acabou o horário, vamos embora, entra outro. E se um de nós morre, sinal de que surgiu uma vaga, coloca outro. E não é assim. Lógico que o profissional de saúde não pode se envolver emocionalmente com todos os pacientes, senão à cada um que vier  a falecer ele vai 'surtar', mas deve haver humanismo e não tanta frieza de tratar uma morte como uma simples vaga. Cada um que se senta ali, tem uma história de vida, e com aquela vida, tem outras envolvidas, seus familiares, amigos... E quando uma vida se vai, as que ficam sofrem com a perda.
E sobre o nosso dia-a-dia, sinto como um abandono mesmo, tudo muito mecânico. E eu não sou uma máquina, tenho meus pensamentos, minhas ideias, minhas reclamações, sugestões... e não vejo ali dentro pessoas interessadas em ouvir. Não digo de me ouvir exclusivamente, mas de ouvir o que os pacientes tem a dizer, pode ser que alguns não queiram dizer nada, não queiram ajudar, mas pode haver gente que queira contribuir para  melhor, afinal, quanto melhor a clínica ficar, melhor para nós mesmos. Como também disse no outro texto, estamos todos no mesmo barco, devemos remar juntos.
Ouvi que a ideia é passar de box em box, de cadeira em cadeira, falar com cada paciente, isso aproxima. Concordo plenamente, mas isso não tem sido feito. A justificativa é falta de tempo no momento, e eu vi bem de pertinho que as coisas burocráticas estão bem complicadas mesmo. Mas independente da burocracia, tem um monte de paciente lá fora querendo falar, e aí? Nada será feito? Quem vai nos ouvir? Pensando nisso, sugeri que se crie um 'canal aberto'. O que seria isso? Pelo menos uma vez por mês, um paciente de cada box leva para uma reunião com algum responsável na clínica as questões levantadas com os seus colegas de box. Os assuntos são discutidos neste grupo e posteriormente cada paciente participante desta reunião leva para os demais colegas de box a posição da clínica com relação à cada assunto, como se fosse um porta-voz. Talvez não seja a melhor solução, as já cria uma proximidade maior e literalmente nos cria um canal onde possamos reclamar, sugerir e até quem sabe elogiar. Gostaram da ideia, mas ainda não sabemos se será posta em prática, depende de tempo hábil e de pacientes dispostos a participar. Eu dei a ideia, estou super disposta e acredito que devem haver mais pacientes que também gostariam de participar deste 'canal aberto'.

Uma outra coisa que foi conversado, foi sobre a falta de agulha para aplicar o hemax. E ao contrário do que eu tinha pensado e postado aqui, o erro foi da transportadora que não entregou na data correta. Aceitável que a falha tenha ocorrido por parte da transportadora, e foi aí que voltei ao assunto de que a sensação é de abandono, pois ninguém chegou para nós pacientes para explicar o que tinha acontecido, que na verdade a falha estava na entrega. Pode ser que se tivessem dito isso no dia que faltou a agulha, eu não teria postado que foi falta de responsabilidade e respeito deles. Agora sabendo do que aconteceu, digo que foi falta de esclarecimento para com seus pacientes. E disse isso no bate-papo de hoje. Disse que eu fui uma das que reclamou, das que achou um absurdo não ter agulha e que postei aqui no blog também. Uma coisa que eu não disse, pois pensei depois que saí da sala, foi de saber qual a solução deles para a falta da agulha (já foi entregue, hoje eu tomei normalmente o hemax). Pois, não pode acontecer novamente. Se a trasportadora falha, a gente fica sem vacina? Não pode. Penso que deve pedir um pouco mais de agulhas é preciso ter estoque e/ou cobrar mais da transportadora.

É isso. Me pareceu boa vontade de fazer as coisas direito, mas só vamos saber mesmo com o tempo. Enquanto não melhora de verdade, vou relatando aqui as coisas que acontecem lá.

Estou disposta a conversar sempre que quiserem, mas tudo que eu achar que está errado eu vou falar, e vou continuar postando aqui. Eu não tenho o conhecimento de enfermagem, de medicina, de nada disso, mas tenho a vivência enquanto paciente e isso me dá TODO direito de falar e de me posicionar com relação ao meu tratamento.


Débora Moura.

Um mês



Rio de Janeiro, 1 de Dezembro de 2011. Primeiro dia do último mês do ano. É mais um ciclo se fechando para outro se iniciar, e nem estou dizendo isso de praxe por ser fim de ano não. Estou referindo à minha vida.
Quem acompanha minhas postagens, leu alguns dias atrás sobre uma nova consulta em um novo hospital que acabei sabendo que também realiza transplante.
Por um acaso, meu namorado estava assistindo tv no horário do almoço no trabalho e viu uma reportagem falando a respeito de transplante renal no Hospital Adventista Silvestre. Ele me falou e pediu para que eu entrasse em contato e me informasse, e assim fiz. Fui ao hospital, fui extremamente bem atendida. Contei toda minha história novamente e ouvi do médico explicações sobre o problema de uma forma bem esclarecedora.
O melhor de tudo, é que por este hospital, ao invés de levar em torno de 6 meses para realizar a cirurgia (como foi dito que levaria no Hospital Geral de Bonsucesso), neste, realizarei daqui um mês! Um mês! Nem acredito!! Estou com uma felicidade que não cabe em mim.
Fomos à tantos médicos, fomos em tantos lugares, até em São Paulo nós fomos. Como disse em outro texto, não é que não sabíamos para onde ir, sempre soubemos que o caminho era e é o transplante. Mas era um caminho bastante desconhecido então, todas as informações, todos os profissionais da área de nefrologia que pudíamos conhecer, nós fomos atrás. Buscando sempre esclarecimentos, verificando as possibilidades, tendo em mente o transplante. E neste hospital vamos realizar tudo pelo SUS, desde os exames até a cirurgia e internação (eu e meu pai).
'Confiar em Deus, não deixar de ser feliz e correr atrás' Este é meu lema, desde que descobri o problema.
Quando eu perguntei ao Dr:
Eu: - Dr, quanto tempo o Sr acredita que conseguiremos realizar a cirurgia?
Dr: - Janeiro. Realiza os exames este mês e depois da virada do ano a gente opera.
Me deu até um frio na barriga, nem sei explicar o que senti quando ele disse isso. Eu e meu pai nos olhamos surpresos. Um olhar de "Conseguimos! Valeu a pena correr atrás juntos!".
Desde que ouvi as palavras deste médico, tem sido uma mistura de sentimentos, um filme passa na minha cabeça. Não tenho nem um ano de hemodiálise, mas vi, vivi, presenciei muita coisa. Conheci muita gente entre médicos, enfermeiros, técnicos e pacientes. Dos pacientes, alguns já se foram. Me lembro de como foi súbita minha internação, lembro dos dias no CTI, lembro de como foi difícil pra minha família, lembro dos amigos que estão do meu lado desde que tudo aconteceu, do meu primeiro dia na clínica, dos hematomas, dos problemas que a clínica tem, das palavras de motivação de alguns, de palavras desnecessárias de outros... enfim.
A caminhada não terminou, só estamos mais perto de atingir o objetivo dela. Mas nem depois de alcançá-lo irá terminar, a vida é uma constante caminhada, e no meu caso será apenas o fim de um ciclo e um início de outro. Aliás, este ano novo será tudinho novo de verdade!
Ai... estou tão cheia de fé, pensamentos, felicidade, ansiedade que minhas ideias para escrever se embaralham.

Estou tão tão feliz que nem sei descrever o quanto :)

Dezembro, mês do Natal, mas ao invés do Papai Noel me trazer um presente, foi Papai do Céu que me preparou e me enviou no tempo dEle o melhor presente que eu pudia receber!

Um mês! Obrigada Deus!


Débora Moura.